António Júlio

Chaves, 1951 – Almada, 6 de Dezembro de 2015

De 1969 a 71 foi colaborador de Nadir Afonso. Licenciado em Artes Visuais – Escultura, pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Desenvolve atividade nas áreas de escultura, pintura, desenho, medalhística e serigrafia. Exposições Individuais: Galeria Ruben Cunha, Lisboa; Galeria Municipal de Fitares, Sintra. Participa com regularidade em Exposições Coletivas: Oficina da Cultura de Almada/Associação Imargem (da qual é sócio); Galeria Municipal de Almada; Amadora; Santarém; Marinha Grande; Torres Vedras; Museus de Aveiro; Castelo Branco; Setúbal; Sines; I e II Exposição Internacional de Artes Plásticas de Vendas Novas. Bienais: Festa do Avante; Amadora e Sabugal. – Galerias: Almadarte; Ara; Arte Sã; Convosco; Estar; Maria Pia; Obra; d’Arte; Roca; Ruben Cunha; Tabu… Realizou:  Jardim da Cova da Piedade a escultura “Andrógeno”; Memorial no CCCA da Costa da Caparica; monumento à “Solidariedade“ no Laranjeiro; Altar na Igreja Sagrada Família, em Miratejo, Seixal; monumento “Fraternidade”  no Laranjeiro – Almada. Representado em colecções particulares no país e estrangeiro (Portugal, Espanha, Bélgica, França e Rússia); Acervo da C.M. Almada; acervo da C.M. Sintra; Museu da C.M. do Sabugal; E.S.E. de Setúbal; Instituto Irene Lisboa; Junta de Freguesia de Laranjeiro; Junta de Freguesia do Feijó, Mútua dos Pescadores de Lisboa, Ruben Cunha – Associação Apoio à Vítima.

“Desenhar e desenvolver uma estrutura encadeando formas/volumes, ocupando o espaço e evoluindo nessa estrutura que “se” vai definindo, intervimos intuitivamente com ponderação.

As formas/volumes que, ora estruturamos a partir de relações naturais, ora desestruturamos, no sentido de as ordenar, adquirem relações e tornam-se interdependentes, formando um todo que se pretende harmonioso.

Porém, só com trabalho perseverante permanente e constante, libertamos o acessório e percebemos a essência exigida por cada forma/volume que fazemos evoluir no espaço.

O diálogo è permanente. Em cada elemento que acrescentamos, temos de perceber até que ponto as restantes o admitem ou rejeitam. Implicam um paciente esforço de elaboração.

O equilibro físico que as leis da gravidade impõem, é tão natural e justifica-se a si próprio. É evidente.

 Mas, para além deste equilíbrio necessitamos de conjugar outro, que advém da relação de proporções entre as formas e cuja evidencia não é tão clara.

Implica grande envolvimento perceptivo, para, gradualmente, distinguir as emoções provocadas pela presença dos objectos, das exigências provocadas pela presença de espaços e perceber o quanto é importante para a composição, sacrificar formas que perdem sentido evocativo, adquirindo relações de proporção, contribuindo, decisivamente para a sua harmonia.”

“A escultura de António Júlio é um combate. Uma soma de vários combates. Com a pedra, connosco, consigo.

Recusando-se a copiar o que vê, não procurando saber o que vemos, esculpe a vida. Com que rosto? André Malraux dizia que “a vida é feita de todo o possível que ela encerra” e que “nenhuma vida é plenamente reconhecível precisamente porque é vida”.

António Júlio, que ama a vida e que na sua vida procura intervir como homem (actor) e artista (criador) dá-nos, então, da vida, a representação para si possível do possível que ela encerra. Mas depois de dar vida à pedra, ao mármore. Inerte, este, é pelas suas mãos acariciado, batido, flagelado e de novo acariciado com a doçura do desejo. E a vida naquele bocado de mármore nasce. É um combate de amor que a obra acabada fixa.

Começa o combate connosco. A recusa inteligente da multiplicidade das nossas visões da vida por ele transmitida à pedra.

Este combate vai proporcionar-lhe o combate consigo mesmo. As nossas visões deixaram-lhe traços no subconsciente. Agora olha a obra, exige-lhe um rosto possível e lança-se sobre outra pedra na procura incessante da total satisfação do seu eu. Requer simplicidade mas… como é difícil tonar as coisas simples! De novo as mãos nuas ou armadas das ferramentas que partem, lascam, alisam, entram num combate em que se transforma a magia de nos querer dar a visão do conjunto e do pormenor.

A pedra sofre? Aquele desfazer do mármore, aquele pó que se acumula aos pés do artista, dói-lhe. Agarra aquele pó e lança-o sobre a madeira, pede-lhe que transmita um novo rosto da vida. E o pó cria, num retorno ao inerte cheio de vida.

Diante da obra esculpida ou do quadro do pó, vivemos um sonho. Do António Júlio e o nosso. No encontro dos dois sonhos, no seu cruzamento, eis a Vida. A vós de lhe descobrir o rosto possível.”

Alexandre Castanheira

Escultura

Escultura

Escultura

Escultura

Escultura

Desenho / Pintura

Desenho / Pintura

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